É um distúrbio neurológico que faz com que o estímulo de um sentido cause reações em outro, criando uma "salada" sensorial entre visão, olfato, audição, paladar e tato. Por exemplo, para um sinesteta, o número 8 pode ser verde, a segunda-feira ter gosto adocicado e um solo de guitarra produzir imagens de bolhas flourescentes! A maioria das pessoas recebe os estímulos externos e processa-os em paralelo no cérebro: um objeto visto segue uma rota específica até o córtex visual; os sons fazem o seu próprio caminho até chegar ao córtex auditivo; e assim por diante. Porém, no cérebro dos sinestetas, essas trilhas se cruzam, gerando a maior misturas no processamento da informação. "Esse é um processo cerebral involuntário", diz a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Já foram catalogados 61 tipos de sinestesia, mas as causas ainda são desconhecidas. Sabe-se apenas que a genética tem influência. "A sinestesia é comum em algumas famílias e está relacionada a pelo menos três cromossomas", diz a psicóloga britânica Julia Simner, da Universidade de Edimburgo, na Escócia. Essa confusão entre os sentidos também pode acontecer por outros motivos, como nas alucinações pelo uso de drogas. Mas, nesses casos, a mistura é aleatória, enquanto que, para um sinesteta, um nome roxo sempre será roxo.Não se trata de um transtorno temporário na maioria dos casos, ainda que haja algumas raríssimas exceções; por isso um dos principais critérios para o diagnóstico da sinestesia é sua estabilidade ao longo do tempo. Geralmente a associação entre estímulo e percepção ocorre apenas em um sentido: quem vê a cor vermelha (imaginária) toda vez que ouve nota dó (real) não escuta a mesma nota (imaginária) quando vê qualquer coisa vermelha (real).
Totalmente involuntária, a sinestesia não pode ser controlada, nem induzida na ausência do estímulo específico. E é justamente a incapacidade de controlar que a distingue das chamadas sinestesias cognitivas, que