Sincretismo
O termo sincretismo, vem da filosofia e aparece em diversas teorias do desenvolvimento. Foi na obra do filósofo e educador francês Henri Wallon (1879-1962), que ganhou uma nova perspectiva: o pesquisador explicou que o desenvolvimento infantil vai do sincretismo à categorização. "No início, a percepção do bebê é nebulosa. À medida que tem contato com novas experiências e informações, ela vai se refinando. Com o desenvolvimento, chega-se ao pensamento categorial, no qual a criança já é capaz de definir e explicar elementos".
Sincretizar significa reunir, e é isso que os pequenos fazem - ao tentar explicar as coisas, eles misturam realidade e fantasia sem distinção, embaralham todas as idéias em um mesmo plano e vêem o mundo de forma global e generalizada. Quando conversamos com crianças pequenas, é comum ouvir frases curiosas. Se você pergunta por que a Lua aparece à noite, uma responde que "ela queria sempre estar de dia, mas brigou com o Sol", outra diz que "as estrelas resolveram quem ficava de dia e quem ficava de noite" e assim por diante. Essa forma de pensar, que por vezes parece não ter lógica para os mais crescidos, é chamado de pensamento sincrético e é natural da infância. A maneira como a criança pensa é influenciada por dois fatores: sua capacidade cognitiva e as referências que recebe do meio. As crianças têm acesso a conhecimentos vindos de diferentes fontes - experiências pessoais, informações trazidas de casa ou da escola, porém, não conseguem organizá-los.
Wallon explica que o pensamento infantil tem características particulares, diferentes das do adulto. A principal delas é o pensamento por meio de pares complementares, a criança não consegue explicar um objeto sem relacioná-lo a outro. "Ela tenta conciliar tudo aquilo que recebe das fontes de conhecimento usando para isso uma lógica própria". Nada impede, no entanto, que os mesmos elementos sejam recombinados em outro momento e adquiram outro