simposio
Nicolae Ceausescu declarou ilegal o aborto. "O feto é propriedade de toda a sociedade", afirmou ele. "Qualquer um que evite filhos é um desertor que vira as costas às leis da continuidade nacional."
Declarações tão grandiosas faziam parte do dia-a-dia do regime
Ceausescu, pois seu plano-mestre – criar uma nação digna do Novo
Homem Socialista – era uma ode à grandiosidade. Ceausescu construiu palácios para uso próprio enquanto perseguia e negligenciava o povo. Ao abandonar a agricultura em prol da industrialização, obrigou boa parte da população rural a se mudar para prédios sem calefação. Nomeou para cargos públicos 40 parentes, inclusive a própria mulher, Elena, que exigiu 40 moradias e um farto estoque de peles e jóias. A Sra. Ceausescu, conhecida oficialmente como "a melhor mãe que a Romênia poderia desejar", não esbanjava instinto maternal. "Os vermes nunca se satisfazem, não importa quanta comida recebam de nós", disse ela quando os romenos se revoltaram contra a escassez de gêneros provocada pela má administração do marido. Em casa, gravava as conversas dos filhos para se assegurar de sua lealdade.
A proibição do aborto por Ceausescu visava a alcançar um de seus maiores objetivos: fortalecer rapidamente a Romênia através de um boom demográfico. Até 1966, a Romênia praticara uma das políticas mais liberais do mundo com relação ao aborto. Essa era, com efeito, a principal forma de controle de natalidade vigente, com cinco abortos para cada nascimento com vida. Agora, praticamente da noite para o dia, o aborto estava proibido, salvo para as mães de mais de quatro filhos e as ocupantes de cargos graduados no Partido Comunista. Proibiram-se, ao mesmo tempo, todos os métodos anticoncepcionais e a educação sexual. Agentes federais sarcasticamente apelidados de Polícia Menstrual
abordavam