Silêncio
Alma Ancestral
A pergunta fundamental do ser humano é esta: quem sou? Desde que o homem se entende como ocupante de algum lugar se questiona acerca de sua origem, de sua missão, do seu futuro e, sumamente, do sentido real que tudo isto pode lhe oferecer. Já dizia Paulo Freire que “quem não conhece a história de sua família não conhece a si mesmo”; todo ser vivo é constituído por uma história, não importa qual. Todos os povos constituídos a partir de séculos tiveram a sua formação em cima de muito sangue e romantismo; todos, ou a maioria, lutaram por sua dignidade cultural, defenderam a sua identidade e, ainda hoje, com muito sofrimento, mantêm viva e pulsante a sua cultura que é a marca d’água de sua origem ancestral, conservada por milhares de anos no mais profundo dos corações dos antigos e nas memórias da tradição oral. Em contrapartida, existe um povo, o nosso, o brasileiro, que, estranhamente, não conhece muito bem a sua verdadeira história e nem a força que paira em seu mais profundo interior, localizada na mais remota região da alma brasileira: a sua ancestral. O que aconteceu com esse povo? Como não podeis conhecer a sua história? Resgatar esta preciosidade perdida no tempo é fazer o passado acontecer novamente. É fazer voltar não só 1.500, mas 300, 400, 500 mil anos no túnel do tempo, onde estão as nossas marcas mais profundas, nossas raízes. Nós, os brasileiros, somos parte de um tesouro esquecido e apodrecido na terra que o alimenta, fecundando a sua beleza inestimável e incalculável, indizível... nem mesmo possuímos um estilo literário que enfeite o início de nossa caminhada na Terra que sempre foi nossa casa. Imaginem o quanto perdemos? O quanto de nossa cultura está esquecido nas páginas do Cosmos no solo desta linda terra Brasil: os ensinamentos, as descobertas, o esforço pela subsistência, as técnicas, as ferramentas de caça, os meios de produção, a educação, a filosofia