O ambiente doméstico, no texto, é tratado como um território protegido onde o habitante realiza suas atividades e é onde residem suas memórias, o que pode ser tido como uma conexão com a fenomenologia da arquitetura que fala sobre as memórias que dão identidade e até mesmo espírito ao lugar. O significado de conforto é complexo, pois engloba diversos sentidos, que foram surgindo ao longo do tempo com a evolução do homem. Inicialmente, a moradia tinha como principal objetivo a proteção contra estranhos, assim em diante foram surgindo outras necessidades como privacidade, domesticidade, eficiência, a estética, entre outras. Com isso, os autores buscaram esclarecer essa complexidade a partir de estudos das obras de Wiltold Rybczynski e Aloísio Leoni Schmid. Ambos os autores tratam do conceito de conforto em um ambiente construido, que foi evoluindo com a adição de atributos, podendo englobar também duas dimensões: a física e a subjetiva. Ao dissertar sobre os atributos do contexto físico, os autores associam-nos à ideia de alívio do desconforto proveniente da sensação de dor ou insegurança (fruto da exposição direta no ambiente natural). Esses atributos formariam então os parâmetros que levariam às necessidades primárias inerentes ao ser humano a serem cumpridas. Essa questão é bem ressaltada, pois nos remete ao fato de que o ambiente fechado protege o homem do contato direto com o meio externo, isolando-o de forma semipermeável. Essa busca pela proteção é o que motiva o homem à construir suas edificações desde o período primitivo. Ao pontuar que o homem “provou” o inseguro provocado pelas intempéries, sentindo necessidade de se proteger, o que levou à construção da “cabana primitiva”, podendo assim sentir o bem-estar e desfrutar a liberdade adquirida então, os autores criam uma visão histórica e clara de que o que motiva o homem a construir a edificação domiciliar hoje em dia se assemelha ao que o motivava nos primórdios da existência humana. A