WWW.justicaambientabiental.org.br GLOBALIZAÇÃO E SIDERURGIA | | a inserção do Brasil e seus impactos para a sociedade e o meio ambiente*Por Bruno Milanez IntroduçãoO crescimento recente do setor siderúrgico no Brasil, embora proporcione ganhos econômicos, vem intensificando impactos negativos para a sociedade e o meio ambiente. Esse crescimento está relacionado com uma estratégia de inserção na economia global que tem por base a exploração de recursos naturais e tecnologias poluentes/degradantes. Essas características conformam um modelo de desenvolvimento socialmente injusto e ambientalmente insustentável, marcados por decisões que desprezam e externalizam os impactos sócio-ambientais negativos destas atividades.Por esses motivos, o debate sobre siderurgia deve passar a fazer parte da agenda da justiça ambiental, uma vez que os complexos siderúrgicos não só criam sérios riscos para a saúde de trabalhadores e moradores do entorno das usinas, como também estão relacionados ao intenso uso de recursos naturais e à degradação do território onde se instalam. Além de ser considerada uma atividade altamente poluente, a produção de ferro-gusa e aço demanda uma enorme quantidade de energia, principalmente na forma de carvão mineral (com os devidos impactos sobre as mudanças climáticas) ou carvão vegetal (cuja produção é associada à destruição de matas nativas e à expansão da monocultura de eucalipto). Além disso, a expansão da siderurgia reforça a estratégia de inserção do Brasil no mercado globalizado como fornecedor de commodities[1] de baixo valor agregado, intensivas em recursos naturais e, em muitos casos, geradoras de condições de trabalho consideradas inaceitáveis nos padrões dos países mais ricos. O novo ciclo de inserção do Brasil no mercado global de ferro e açoO parque siderúrgico brasileiro começou a se constituir no início do século XX por meio de investimentos privados. Entretanto, ele só se consolidou com a entrada do investimento público e a criação