• SHILS, Edward. Centro e Periferia. Resumo metodológico
A obra de Shils é uma avaliação de modo sumário sobre a configuração do campo das ciências sociais nos Estados Unidos implicando uma atenção que vai da genealogia dos conceitos às experiências de trabalho, das instituições de investigação e ensino às condições do mercado ou às expectativas políticas. Sendo explicitado o próprio itinerário intelectual do autor, que começa e acaba na Universidade de Chicago, são de assinalar a passagem pela London School of Economics, no período posterior a Segunda Guerra, a estadia na Universidade de Harvard e a colaboração com Talcott Parsons, sem esquecer o regresso a Inglaterra e as missões de trabalho na Índia entre 1957 e 1967. Este itinerário intelectual, que decorre dos anos 30 aos princípios dos anos 70, não poderá ser separado das alterações sentidas na conjuntura política e tem sua evidente correspondência na evolução conceptual e nos interesses temáticos de Shils. No rescaldo da Depressão de 1929, a experiência do Departamento de Sociologia da Universidade de Chicago, associada ao legado intelectual de W. I. Thomas, Robert Park, Ernest Burgess e Robert Mackenzie, traduziram-se em certa medida num duplo interesse. Por um lado, no desenvolvimento do estudo concreto dos grupos primários, da família às relações de vizinhança ou às comunidades, com particular incidência na escala urbana. Por outro lado, é no mesmo quadro que se encontram as raízes cívicas de uma atitude crítica, relativamente à ordem social. Se este duplo interesse recobre a questão da relação entre a ciência e os valores, esta terá também de ser pensada em função do interesse despertado pelos Founding Fathers, em particular Max Weber, na mesma década de 30. Após a Segunda Guerra, notadamente vemos alicerçadas em Shils duas preocupações fundamentais: o estudo dos grupos primários e o interesse em repensar a sociedade na linha das grandes teorias. Durante a Guerra, prolongando-se