Sexualidade
Se a libido desempenha o papel de motor de inúmeros processos psíquicos psicanaliticamente relevantes, você pode compreender facilmente como deve ser importante definir com toda a exatidão o conceito de sexualidade. Não pode ser tão estreito que não cubra todos os fenômenos correlacionados, nem há de ser tão amplo e geral que se descaracterize. Antes da Psicanálise, considerava-se em geral a sexualidade, de forma algo restrita, como o conjunto de atos ligados à relação sexual ou coito, e em especial à reprodução. A descoberta freudiana da sexualidade infantil, a extensa teorização que dela os psicanalistas fizeram, foi o ponto de partida para um alargamento radical do conceito. Por vezes, este se alarga demais. Pareceria que todos os sentimentos que se pudessem vincular ao amor (ou ao ódio) seriam “sexuais” pela única razão de se poder derivá-los interpretativamente de diferentes destinos do amor sexual. Simplismo, é claro. O sentido forte do alargamento da noção de sexualidade não é o de que toda a vida é um derivado da sexualidade, mas o de que toda a vida é vida sexual, no sentido estrito: isto é, todos os movimentos vitais tanto tendem à conservação do indivíduo, como comportam um quantum de satisfação erótica ou de negação dessa forma de prazer. Há libido investida em todos os atos psíquicos, de uma ou de outra forma. Por esta razão diz-se que a mente e sua evolução individual é um processo psicossexual. Compreendê-lo fica mais fácil quando se pensa no desenvolvimento infantil. Uma das descobertas fundamentais da Psicanálise freudiana foi a sexualidade infantil. O que Freud descobriu, de fato, foi uma linha de continuidade sexual, desde a infância até a maturidade; onde se pensava haver um aparecimento súbito, quase sem antecedentes, brusco e inesperado, durante a puberdade. Aquela satisfação extra, que vimos ligar-se à amamentação, vai modificarse grandemente até chegar à forma que costumamos reconhecer da sexualidade adulta. Primeiro é a