Sexo fragil? mulher macho sim sinhô!
“Sexo Frágil? Mulher Macho sim Sinhô!” Reflexão sobre as representações da mulher nordestina na sociedade brasileira (1990-2010)
Por: Marineide de Jesus Ferreira Samara de Jesus Neves1
O presente artigo trata-se da síntese de um projeto de oficina temática pensado em face de debates que repercutem na historiografia nacional e regional, bem como em eventos nacionais e internacionais que tratam de discussões de gênero e identidade, relacionados à construção do ser mulher nordestina, aos estereótipos a elas direcionados, suas ações, reações e conformidades. Tais debates buscam suscitar as discussões sobre as representações que se tem de mulher, em específico, a nordestina que, se contrapondo aos estereótipos, de “mulher macho”, “arretada”, “desmazelada”, “feia”, vem procurando demarcar o seu espaço na sociedade atual, valorizando sua cultura, seus modos de vida, que não são únicos, nem tão pouco, comuns a todas as nordestinas. Conforme Cavalcante (2008, p. 2), só a partir da Escola dos Annales e com a contribuição do movimento feminista e da história cultural é que a mulher ganha um espaço na historiografia nacional. Para a autora, na historiografia brasileira os debates acerca da história das mulheres são “relativamente recentes”, constituindo-se como um “objeto” de estudo a partir da década de 1970. Contudo, necessitaria ser mais do que um objeto, ser um agente de sua própria história, como propõem Duby e Perrot (1994). Nesse mesmo período Cavalcante (2008, p. 2) aponta o surgimento do conceito de gênero, baseado na construção do ser mulher e do ser homem, evidenciando a instituição de papéis sócio e culturalmente construídos, relacionados a cada sexo, transformando-os em características identitárias imutáveis. A mulher foi por um longo período, negligenciada pela história, mencionada apenas como um ser inferior e dependente do homem, que, conforme aponta Hissa (1999, p. 505), era considerado o detentor da ordem e da razão. Trazendo para o ambiente que
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