Setor mobiliario do brasil
O Brasil vive atualmente um boom imobiliário sem precedentes, e embora o sistema financeiro local pareça operar em condições sadias e estáveis, a preocupação dos analistas internacionais é cada vez maior devido às semelhanças com o cenário que deflagrou a crise do subprime nos EUA em 2008.
Um dos primeiros a dar o sinal de alarme foi Paul Marshall, diretor de informações da Marshall Wace, fundo de hedge de Londres e um dos mais importantes da Europa. Em fevereiro passado, no Financial Times, Marshall chamou a atenção para o elevado custo financeiro da dívida dos brasileiros, "que pagam taxas de juros reais entre 20% e 25% pelo crédito imobiliário". Ele disse também que é preocupante a possibilidade de que se crie um registro nacional de devedores em atraso no Brasil, uma vez que o sistema de informação da dívida (um tipo de boletim comercial) opera com grandes atrasos.
O fato é que os números impressionam. Roberto Attuch, analista da filial da Barclays Capital em São Paulo, divisão do banco de investimentos Barclays Bank PLC, disse à imprensa local que a dívida do setor de habitação "passou de aproximadamente 25% da renda dos brasileiros, em junho de 2006, para quase 40% em novembro último".
Isso implica um aumento de quase 15% em apenas quatro anos, disse o analista, uma elevação que coincide com o segundo mandato do ex-presidente Lula, em cujo governo foi criado um programa de moradia de grande impacto, "Minha casa, minha vida". O programa, criado em 2009, financiou naquele mesmo ano um milhão de casas.
De acordo com dados oficiais da Caixa Econômica Federal, instituição pública que responde por 70% do crédito imobiliário concedido no país, foram liberados aproximadamente US$ 5,4 bilhões para a compra de casas ou apartamentos no primeiro trimestre de 2010, isto é, o dobro do valor liberado no mesmo período de 2009.
Embora o governo tenha tido um papel de destaque nesse boom imobiliário, o setor