Serviço social
MARTÍN-BARÓ
Sueli Terezinha Ferreira Martins
UNESP- Bauru
RESUMO:
O presente artigo trata da concepção de processo grupal e poder social enfocada por Martín-Baró.1 O autor retoma a concepção de grupo presente no trabalho de Sílvia Lane, quando considera os aspectos pessoais, as características grupais, a vivência subjetiva e realidade objetiva e o caráter histórico do grupo. Na perspectiva da psicologia social, segundo o autor, é muito mais relevante a análise do papel do poder na vida cotidiana, no dia-a-dia das pessoas, do que se centrar nos acontecimentos excepcionais e não rotineiros. Considerando que grande parte da prática profissional do psicólogo, principalmente numa perspectiva psicossocial, envolve o trabalho com grupos, a abordagem da questão do poder passa a ter papel fundamental. Neste sentido, o contato com a produção de Martín-Baró é essencial e pode contribuir incisivamente no nosso trabalho cotidiano.
PALAVRAS-CHAVE: processo grupal, poder social, ação humana, abordagem psicossocial crítica.
À força [Gewalt], costuma-se associar a idéia de algo que se encontra próximo e presente. Ela é mais coercitiva e imediata do que o poder [Macht]. Falase, enfatizando-a, em força física. O poder, em seus estágios mais profundos e animais, é antes força. ... O poder é mais universal e mais amplo; ele contém muito mais, e já não é tão dinâmico. É mais cerimonioso e possui até um certo grau de paciência.
(CANETTI, 1960/1995:281)
Em geral os autores definem grupo como sendo uma unidade que se dá quando os indivíduos interagem entre si e compartilham algumas normas e objetivo. Muitos são os aspectos indicados como relevantes para diferenciar um grupo de outras situações em que verificamos a presença de várias pessoas em uma mesma atividade. Martín-Baró (1989), ao abordar a temática, faz menção ao trabalho de Lane (1984), reafirmando alguns aspectos apontados na concepção de grupo apresentada pela autora,