Serviço social
As origens do Serviço Social devem ser localizadas na emergente sociedade urbanoindustrial dos anos 30 do século XX, em uma conjuntura peculiar do desenvolvimento capitalista, marcada por conflitos de classe, pelo crescimento numérico e qualitativo da classe operária urbana e pelas lutas sociais que esta desencadeia contra a exploração do trabalho e pela defesa dos direitos de cidadania. As condições propícias à profissionalização do Serviço Social (e de tantas outras profissões) foram criadas a partir da crescente intervenção do Estado nos processos de regulação e reprodução social, por meio das políticas sociais públicas. Foi o contexto de enfrentamento da questão social pelo Estado e empresariado, com o apoio da Igreja Católica, que conduziu à institucionalização e legitimação do Serviço Social profissional, em um cenário em que a pobreza é, simultaneamente, naturalizada e vista como ameaça à ordem burguesa. No entanto, as primeiras iniciativas de organização da profissão vinculam-se ao protagonismo de grupos sociais majoritariamente femininos, participantes do movimento católico leigo e responsáveis pela ação social da Igreja Católica junto aos segmentos mais vulnerabilizados e empobrecidos da classe operária, especialmente crianças e mulheres. A Igreja Católica teve importância singular na configuração da identidade que marca a gênese do Serviço Social no Brasil, sendo responsável pelo seu ideário, pelo inicial e incipiente campo de ação, pelas agências de formação dos primeiros assistentes sociais. As primeiras escolas de Serviço Social do país, fundadas em São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente em 1936 e 1937, organizaram-se sob forte influência européia, especialmente franco-belga, países nos quais foram formadas as pioneiras do Serviço Social. As bases da formação, inspiradas na doutrina social católica (tomismo) e na tradição positivista, assentavam-se em uma ótica psicologizante e de individualização dos problemas