Serviço social
Pensar em História nos faz pensar em alguns modelos de fontes que, devido a seu caráter oficial, nos remetem a um certo grau de comprometimento do narrador. Quando pensamos objetivamente no fato histórico, deparamo-nos com dois aspectos básicos:
a) que a chamada linha da História oficial1 não registra (omite) determinados acontecimentos;
b) que mesmo tentando o resgate destes acontecimentos com fontes alternativas (literatura, músicas, história oral), deparamo-nos com um vácuo de informações, um silêncio coletivo por parte daqueles que viveram tal situação.
O ano era o de 1906. O Rio civiliza-se: 3 A Reforma Urbana gravita em torno da questão sanitária, especialmente da febre amarela. Estas transformações que se operam na tão falada administração de Pereira Passos têm como objetivo reorganizar o espaço urbano e erradicar a febre amarela, encobrindo com a capa de saneamento o grave leque de questões sociais para as quais o capitalismo que se implantava não apresentava perspectiva de solução.
Em nome do saneamento, elimina-se o mosquito da febre amarela, mas não se toca na tuberculose. Em nome do saneamento, derrubam-se os cortiços, mas surgem as favelas. Em nome deste saneamento, abrem-se largas avenidas, mas estreitam-se os ganhos dos trabalhadores.
Modificar as péssimas condições de vida do trabalhador não faz parte desta "civilização
Cidade Maravilhosa: mas, por que a História se ocupa tanto da Belle Époque e ignora seu fim?
Começamos daí. Esta omissão tão clara, tão definida por uma lacuna total estava a desafiar nossa investigação. Como poderíamos resgatar esta passagem utilizando os limites da História já elaborada? Como, se daqui para diante se apresentava o desafio do confronto com o tradicional? Seria o conflito do velho e do novo? Nem tanto. Trabalhar com a história oficial é trabalhar com a História enquanto ciência. Mas o que é ciência enquanto produtora de conhecimento? É a ciência capaz de