A reestruturação produtivaintensificou-se na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) a partir de 1990 e teve por principais conseqüências, até 1994, o aumento do desemprego, a precarização das relações de trabalho, mudanças nainserção dos diferentes componentes da família no mercado de trabalho e deterioração da renda familiar. A não expansão das oportunidades de trabalho levou a que, para enfrentar esse momento dedesemprego dos principais mantenedores da família, ocorres- sem rearranjos familiares de inserção no mercado de trabalho que se diferenciam segundo os tipos de família, construídos com base em sua estrutura-ção e momentos do ciclo vital familiar. Um dos temas privilegiados neste estudo são as alterações na relação família-trabalho relacionadas às trans- formações das atividades econômicas e a possívelinfluência destas na mudança das relações hierár- quicas na família.1 A crescente precarização das relações de trabalho, a deterioração da renda familiar — inter- rompida no período inicial do plano deestabiliza- ção econômica (1995) e retomada em 19982 — e a acentuação, desde meados de 1997, das já eleva- das taxas de desemprego na RMSP vêm reforçar as indagações de Bruno Lautier (1994-1995)acerca dos limites da atuação da família como “um amor- tecedor da crise”. A questão levantada por Lautier, e que merece atenção, é saber se, e a partir de que momento, a família, como conseqüência daspolí- ticas de ajuste, cessará de cumprir os papéis que há muito vem sendo obrigada a desempenhar, embo- ra imperfeitamente, como os de atenuar a carência de políticas sociais por parte do Estado eacolher os desempregados mais ou menos invisíveis social- mente. O temor do autor, cuja pesquisa inclui países da América Latina, Europa e África, é que, eficiente nesse papel nos anos 70, a família...