serviço social
Pesquisando as publicações dos primeiros assistentes sociais1 nos periódicos “Serviço Social – Órgão Doutrinário, Técnico e Informativo” (período de l939 a 1940) 2, observamos uma constante preocupação com um projeto societário que viesse a amenizar os efeitos nefastos do capitalismo, com a formação profissional, com a definição do objetivo e da prática do Serviço Social. Estas preocupações centralizavam-se no necessário respeito à pessoa humana e referiam-se à concepção de homem postulada pela perspectiva da filosofia neotomista preconizada pela Igreja Católica, naquele momento histórico.
Nossa proposta, neste estudo, é analisar estas preocupações, sinalizando as concepções de homem a que se referem. Entendemos que é um estudo necessário à compreensão dos fundamentos filosóficos que subsidiaram a compreensão teórica dos primeiros assistentes sociais brasileiros acerca das premissas que deveriam subsidiar a prática do Serviço Social.
A concepção de homem e o projeto societário idealizado pelos primeiros assistentes sociais
A concepção de homem dos primeiros assistentes sociais situava-se no horizonte metafísico. Eles entendiam que o homem, como pessoa humana, era portador de “valor soberano a qualquer outro valor temporal” (FERREIRA, T.P, 1939, p. 28) e tinha sua existência regulada por duas instâncias, uma temporal e outra determinante sobre a primeira, atemporal, entendida como parâmetro último para a sua realização enquanto pessoa que caminha para a vida eterna. A partir dessa concepção, estes assistentes sociais vinculavam o exercício profissional a princípios não submetidos ao movimento histórico. Sugeriam que a formação profissional do assistente social fosse orientada pela doutrina católica que era, segundo Telles (1940a, p.14), constituída por princípios verdadeiros, porque imutáveis.
Doutrinas católicas, sobretudo a explicitada nas encíclicas Rerum Novarum (1881) e Quadragésimo Ano (1921), propunham o necessário envolvimento dos