Serviço social
Maria Cristina Franco Ferraz
Doutora em Filosofia pela Universidade de Paris I - Sorbonne Professora titular de Teoria da Comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF)
O notável avanço da pesquisa técnico-científica a partir do término da Segunda Guerra Mundial e, em especial, nas duas últimas décadas, solicita a reflexão filosófica na medida em que parece indicar uma importante ruptura com relação à visão de técnica própria ao pensamento moderno. No âmbito deste trabalho, convocaremos as recentes e instigantes reflexões do sociólogo português Hermínio Martins, que se revelam seminais para um esboço de compreensão, de cunho mais filosófico, de uma das mudanças mais fundamentais, e talvez não tanto analisada, por que passa a sociedade tecnológica contemporânea. Sintetizando e comentando as análises e discussões desse pensador contemporâneo, investigaremos a filosofia da técnica que subjaz aos projetos e pesquisas da tecnociência contemporânea. Tal investigação fornece preciosas indicações para melhor podermos mapear os modos de ser, viver e pensar que tendem a se tornar hegemônicos neste final de milênio, nas sociedades pós-industriais ocidentais. Em um ensaio publicado originalmente em língua inglesa em 1993 , Hermínio Martins, sociólogo português atualmente fixado na Universidade de Oxford, tematiza a concepção moderna da técnica, e aponta para sua ultrapassagem na contemporaneidade. Partindo de textos inaugurais de filosofia da tecnologia, que remontam a segunda metade do século XIX, sobretudo ao período entre 1860 e 1870, o sociólogo traça as linhas gerais de tal abordagem: a idéia de que os artefatos técnicos seriam extensões, projeções, amplificações do ser humano, do próprio corpo humano, em suas diversas especificações (os sentidos, os membros, o sistema nervoso, etc). Segundo o autor, a primeira exposição sistemática do que denominou “teoria prostética da tecnologia” foi um tratado publicado em 1877 por