Fichamento
SIBILIA, Paula. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, p. 07-28, 2008.
No texto, a autora delineia “certas tendências que se perfilam fortemente em nossa sociedade ocidental e globalizada, [...] cuja origem remete aos setores urbanos mais favorecidos em termos sócio-econômicos: aqueles que usufruem de um acesso privilegiado aos bens culturais e às maravilhas do ciberespaço”.
Sibilia inicia citando a autobiografia do filósofo Friedrich Nietzsche, numa descrição própria desprovida de modéstia e humildade, obra na qual Nietzsche afirmou preferir “ser um sátiro a um santo”. Seus contemporâneos classificaram a obra como uma “evidência de loucura” e diagnosticaram falhas de caráter como “megalomania e excentricidade”. A autora esclarece que no final do século XIX tais características eram qualificadas como “desvios patológicos da normalidade exemplar, mas hoje [...] não parecem desfrutar daquela mesma demonização”.
A autora apresenta um índice dessa nova geração através da edição de 2006 da revista Time, que anualmente nomeia a personalidade do ano, e em 2006 nomeou ‘você, eu e todos nós’, ou seja, pessoas comuns. Ela afirma que o motivo foi que “estamos transformando a era da informação” através da eclosão das redes sociais e citou a justificação da revista que diz que “por tomarem as rédeas da mídia global, por forjarem a nova democracia digital, por trabalharem de graça e superarem os profissionais em seu próprio jogo, a personalidade do ano da Time é você”.
No ano seguinte, o jornal brasileiro O Globo também “decidiu colocar ‘você’ como protagonista do ano de 2007” mostrando fotos de pessoas comuns se casando, bebês sorrindo, férias de família e festas de aniversário. Sibilia indaga os leitores “será que estamos sofrendo um surto de megalomania consentida e até mesmo estimulada?”
Paula Sibilia acredita que “estamos diante de uma verdadeira explosão de produtividade e inovação” que desafiam o potencial de