Serviço social é trabalho
Este artigo discute o argumento central do Professor Sergio Lessa segundo o qual o Serviço Social não pode ser considerado trabalho porque não transforma a natureza. De acordo com ele “...em primeiro lugar, e antes de qualquer coisa, porque o Serviço Social não realiza a transformação da natureza nos bens materiais necessários à reprodução social” (LESSA, 2000, pág. 52). A nossa pretensão é fazer uma primeira aproximação à polêmica já instalada.
No debate acerca do que tem se convencionado denominar “as transformações do mundo do trabalho”, “reestruturação produtiva” e outros termos semelhantes, alguns autores defendem a centralidade da categoria trabalho como fundante do mundo dos homens. Estes se opõem polemicamente àqueles que relativizam e, no limite, negam a determinação do trabalho na constituição do ser social. A polêmica não se restringe ao plano teórico nem ao espaço acadêmico, uma vez que, o questionamento da centralidade do trabalho tem conseqüências políticas que afetam as estratégias do movimento dos trabalhadores.
Essa polêmica afeta também o serviço social. Nada mais natural no caso de uma categoria profissional cujas vanguardas têm se caracterizado por assumir explicitamente um direcionamento crítico. Fica evidente, a partir disso, a importância de refletir acerca dos vínculos entre o Serviço Social e a categoria trabalho, com todas suas implicações. Determinar estes vínculos tornou-se uma via de acesso para compreender como se insere esta profissão na sociedade capitalista.
O debate se intensificou principalmente, após a aprovação pela ABESS[1] (Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social), das Diretrizes Curriculares para os Cursos de Graduação em Serviço Social, em 1996, na qual o Serviço Social é definido como uma especialização do trabalho, sendo sua prática entendida como um processo de trabalho que possui como objeto “as múltiplas expressões da questão social”.[2]
Contra esta interpretação de o Serviço Social