Serra da Mantiqueira
Oscar P. G. Braun
(Publicado como capítulo intitulado “A Serra que Surge” no livro ilustrado “Serra da Mantiqueira – Onde Nascem as Águas” – Patrocinado por
Furnas Centrais Elétricas S. A. em coordenação de Ricardo F. Ferreira e
Rodrigo Ferreira).
ASPECTOS DA GEOGRAFIA FÍSICA.
ASPECTOS GERAIS E CONSTRUÇÃO DO RELEVO.
Duas imensas muralhas verdes, com desníveis de até mil metros e picos de quase três mil metros, constituem os principais obstáculos à interiorização dos viajantes na região Sudeste: A serra do Mar e a serra da Mantiqueira, separadas pelo vale do rio Paraíba do Sul.
“Amandiquira”, gotejar da chuva nas árvores , por sua corruptela mantiquira, é um topônimo tupi para designar sítios serranos cobertos pelas matas pluviais (amandi = água da chuva, quira = chover, gotejar) (L. C. Tibiriçá,
1948). A derivação Mantiqueira, portanto, acabou por se estender a toda essa imensa cordilheira que vai de São
Paulo até a serra do Caparaó, no Espírito Santo. Hoje, porém, essa denominação tende a restringir-se a um âmbito menor, de Campos do Jordão, no Estado de São Paulo, até
Barbacena, em Minas Gerais.
Como expressa o próprio nome, a frente escarpada da serra apresenta um clima úmido, com alto índice pluviométrico, por formar uma barreira às massas tropicais marítimas, o que ocasiona uma grande incidência de chuvas orográficas. Transposto o alto da escarpa, adentra-se a grande região planáltica onde predomina o clima tropical alternadamente, úmido e seco, isto é, com um período de chuvas de verão e um período de estiagem de inverno. À medida que se caminha para norte, a estiagem vai ficando mais prolongada até atingir-se o clima típico de savana, sob o qual desenvolve-se a vegetação de cerrado. É muito comum, no inverno, partir-se do vale do Paraíba do Sul com tempo chuvoso e logo ao transpor o alto da serra, em
Itajubá por exemplo, encontrar-se o céu límpido e o ar seco. Dessa maneira, é a linha de