sermoes
Autor: Padre Antônio Vieira
Obra: Sermões Escolhidos
Estética: Barroco
SERMÃO DA SEXAGÉSIMA
O Sermão da Sexagésima foi “pregado na capela Real, no ano de 1665”. O autor voltou a
Portugal para tentar conseguir as providências governativas que lhe possibilitassem defender os índios com maior facilidade.
Por isso, Vieira promete voltar ao Brasil logo que tiver “os instrumentos com que limpar a terra das pedras e dos espinhos”.
As tentativas dele não resultam sem êxito, por exemplo, proíbe-se lutar ofensivamente contra os indígenas sem ordem régia. As suas tentativas missionárias expressa o autor logo no início deste sermão quando diz: “ Ecce exiit, qui seminat, seminare. (saiu a semear aquele que semeia) citando antes São Lucas, VIII, 11”. Sement est verbum dei. (A semente é a palavra de
Deus).
Ao observarmos a estrutura do Sermão de Vieira, perceberemos que ele segue o modelo indicado por Aristóteles, ou seja, o texto estruturado nas quatro instâncias, a começar pelo exórdio, que é a introdução, é o momento de apresentar o assunto ou fato. Vieira começa o
“Sermão da Sexagésima” usando dois recursos, o da parábola e da comparação, fazendo uma paráfrase da palavra de Deus. Vejamos como Vieira faz uso desses recursos a partir do texto bíblico utilizando a Parábola do semeador contada por Jesus Cristo: “cce exiit, qui seminat, seminare. Diz Cristo que saiu o pregador evangélico a semear a palavra divina” (Vieira, in;
Silveira, 1987, p. 57). Podemos ver que Vieira, utilizando-se da parábola, compara o substantivo semeador, ao pregador evangélico, termo por ele usado, para parafrasear o texto bíblico. Assim também o fez ao comparar o ato de semear, expresso no texto, ao ato de enviar levando a palavra de Deus a outros povos. Sendo assim, Vieira quer demonstrar, em seu raciocínio, que o pregador representa o semeador assim como a palavra de Deus representa a semente que dará fruto.
Vieira continua seu