Gêneros textuais
CORPORAIS PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Regina Célia Zanotti Tomazinho*
Introdução
Com base em nossa prática clínica, observamos que crianças consideradas normais, dos pontos de vista biológico e intelectual, procuram assistência. Por não corresponderem às expectativas do professor e do sistema de avaliação da instituição são consideradas crianças com dificuldades de aprendizagem pelos professores e coordenadores pedagógicos e posteriormente, acabam sendo encaminhadas ao consultório fonoaudiológico e psicopedagógico.
As escolas apontam como dificuldades a falta de organização dos textos, as trocas grafêmicas, as disgrafias, as falhas na interpretação de textos e o repertório lingüístico limitado. Essas dificuldades por sua vez, também aparecem na desestruturação textual da escrita e da oralidade, desorganização espacial das atividades nos cadernos, constituindo uma gama de alterações variadas. Esse contexto nos leva a refletir sobre as origens e a persistência de tais alterações. Ao longo de dezoito anos de experiência clínica, confrontamo-nos com fatos significativos para a compreensão da etiologia das dificuldades apresentadas pelas crianças.
Em primeiro lugar, em nossa clínica fonoaudiológica, a maioria das crianças atendidas com queixas na aprendizagem pertencem a uma classe socioeconômica e cultural privilegiada, ingressam precocemente em escolas maternais privadas, não apresentam alterações neurofisiológicas, sensoriais e/ou intelectuais. Se hoje temos crianças intelectual e tecnologicamente estimuladas, parece-nos não haver dados concretos que justifiquem as queixas e os desníveis entre essas condições favoráveis e a não-eficiência no contexto escolar.
Em segundo lugar, esse aspecto socioeconômico cultural associado às conclusões das análises diagnósticas, aos relatos dos pais e dos professores, levam-nos a indagar sobre as condições oferecidas tanto no