senso comum
JoséSocial;
de Souza.Rev.
O senso comumUSP, e a vida
Social;
Rev.de
Sociol.
USP, S. Paulo,A
10(1):
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I G de O
Tempo
Sociol.
S. cotidiana.Tempo
Paulo, 10(1): 1-8, maio 1998.
1998.
O senso comum e a vida cotidiana
JOSÉ DE SOUZA MARTINS
RESUMO: A História bloqueada pelo capital e pelo poder fez da vida cotidiana o refúgio para o desencanto de um futuro improvável. Os grandes embates pela redenção do gênero humano de suas limitações e misérias estão sendo readaptados a esse novo território da vida e do viver. A sociedade está sendo reinventada e, conseqüentemente, a sociologia também está passando por um processo de reinvenção. É nesse âmbito que ganha uma nova relevância a mediação do conhecimento do dia-a-dia na construção das relações sociais.
UNITERMOS: vida cotidiana, conhecimento de senso comum, sociologia da vida cotidiana, sociologia do conhecimento
O
interesse sociológico pela vida cotidiana tem resultado diretamente do refluxo das esperanças da humanidade num mundo novo de justiça, de liberdade e de igualdade. Parece simples, mas é assim mesmo que a progressiva constituição da vida cotidiana como objeto de conhecimento da sociologia tem sido justificada.
De certo modo, há nessas origens uma descrença na História, uma renúncia à idéia de que o homem é senhor de sua História, de que pode produzir o seu próprio destino. O interesse pela vida cotidiana se difunde como um dos componentes mais nítidos do ceticismo decorrente das desilusões que tem acompanhado a notável capacidade de auto-regeneração da sociedade capitalista.
Para muitos, a vida cotidiana se tornou um refúgio para o desencanto de um futuro improvável, de uma História bloqueada pelo capital e pelo poder.
Viver o presente já é uma consigna que encontra eco numa sociologia do detalhe, do aqui e hoje, do viver intensamente o minuto desprovido de sentido, que poderia ser definida como sociologia pós-moderna1. Ou, então, que