Seminário Temático - Prostituição
A prostituição, como uma das variantes das relações erótico-sexuais, tem sido definida socialmente como prática condenável, especialmente no contexto das transformações que ocorreram nos séculos XVIII e XIX, que constituíram a Sociedade Moderna. A prostituição ganhou um status social de corruptora dos valores morais na sociedade brasileira, a partir dos referenciais implantados pelos colonizadores na organização do sistema de relações sociais, no contexto em que se erigia como modelo dominante a Família, nos moldes burgueses. Envolta em mistérios, atrações, rejeições e sansões sociais, a prostituição ocorre em trânsito paralelo aos ideais de paixão, amor-romântico, casamento e família, na vertente que consagra as relações heterossexuais monogâmicas como as “normais” e adequadas aos papéis masculino e feminino. Como diz Bakhtin:
Os três campos da cultura humana - a ciência, a arte e a vida - só adquirem unidade no indivíduo que os incorpora à sua própria unidade. Mas essa relação pode tornar-se mecânica, externa. Lamentavelmente é o que acontece com maior freqüência. (Bakhtin, 1919/2003a, p. 2).
Para Bakhtin, o homem constrói sua existência dentro das condições sócio-econômicas objetivas de uma sociedade. Somente como membro de um grupo social, de uma classe social é que o indivíduo ascende a uma realidade histórica e a uma produtividade cultural.
”A consciência só se torna consciência quando se impregna de conteúdo ideológico (semiótico) e, conseqüentemente, somente no processo de interação social. (Bakhtin, 1997, p. 34). “ Para Bakhtin, o signo além de constituir uma grande pureza ideológica na manutenção das relações sociais e do diálogo, serve ainda de suporte para todo e qualquer signo não-verbal, sendo este também entendido como signo ideológico.
Portanto, a prostituição como sendo algo sem amor, apenas como produto de desejo, valor não moral e sim econômico, serve como garantia de sobrevivência para quem se beneficia desta