SEMINARIO PLATAO PUC MINAS
O CONHECIMENTO ESTÁ NA ALMA
Uma das propostas iniciais de Teeteto é a de que o conhecimento é a percepção: conhecer algo é tomar contato com ela por meio dos sentidos. Sócrates observa que os sentidos de pessoas diferentes são diferentemente afetados: a mesma rajada de vento pode ser sentida por um pessoa como quente e por outra como fria. "É sentida como fria" significa "parece fria", de modo que apreender através dos sentidos é o mesmo que parecer. Apenas o que é verdadeiro pode ser conhecido; assim, se o conhecimento é a percepção sensorial, teremos de aceitar a doutrina de Protágoras segundo a qual aquilo que parece é verdadeiro, ou pelo menos aquilo que parece a uma pessoa específica é verdadeiro para essa pessoa.
Surge um problema: como pode qualquer de nós dizer que aquilo que lhe parece num dado momento é verdade? Para responder a isto, Protágoras pode apelar de novo a Heráclito. Suponhamos que Sócrates fica doente e que o vinho doce lhe sabe a amargo. Segundo a descrição dada antes, a amargura nasce de dois progenitores, o vinho e aquele que saboreia. Mas o Sócrates doente é um saboreador diferente do Sócrates saudável, e de um progenitor diferente nascerá naturalmente um filho diferente. Como cada pessoa que tem sensações está constantemente a mudar, cada sensação é uma experiência única e irrepetível. Pode não ser verdade que o vinho é amargo, mas é verdade que é amargo para Sócrates. Nenhuma outra pessoa está em condições de corrigir o Sócrates doente quanto a isto, de modo que também aqui Protágoras é corroborado: aquilo que me parece a mim, é verdadeiro para mim. Teeteto pode continuar a defender que a percepção é conhecimento.
Mas será que todo o conhecimento é percepção? Saber uma língua, por exemplo, é mais do que simplesmente ouvir os sons pronunciados, coisa que podemos fazer com uma língua que não conheçamos. É verdade, evidentemente, que muitas vezes aprendo algo - por exemplo, que o Parténon fica na cidade de Acrópole -