SEMANA 22
Nas primeiras décadas do século XX o Brasil passou por profundas transformações sociais, econômicas e políticas. São Paulo, então centro econômico do país e palco de importantes movimentos – como a Greve Geral de 1917, o tenentismo e a Fundação do Partido Comunista do Brasil -, assumiu importante reflexão sobre a identidade brasileira.
Foi nesse contexto que um grupo de artistas decidiu apresentar uma nova proposta para a arte que se produzia no país, o que culminou na organização da Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo entre 13 e 17 de fevereiro de 1922.
O movimento modernista teve desdobramentos estéticos e ideológicos que se estenderam pelas décadas seguintes. A busca de uma identidade nacional e de novos rumos para as manifestações artísticas brasileiras se fortaleceu – ora tendo para rupturas sociais revolucionárias, ora adotando posições de patriotismo e nacionalismos conservadores.
Antecedentes da Semana de 22
O movimento de contestação que resultaria na Semana de Arte Moderna teve início bem antes de 1922. Já em 1911 o escritor Oswald de Andrade – um dos protagonistas da Semana de 22 – e o jornalista e escritor Emilio de Menezes fundaram a revista irreverente O Pirralho. No ano seguinte, Oswald de Andrade voltou de uma temporada na Europa trazendo ideias vanguardistas, como o Futurismo italiano. A exposição modernista do pintor lituano Lasar Segall, em 1913, foi outro marco importante e que de fato desencadeia mudanças na cultura brasileira foi a exposição de Anita Malfatti, em 1917, que trazia as influências das correntes artísticas europeias.
Em 1917, Mário de Andrade publicou, com o pseudônimo de Mário Sobral, o livro de poemas Há uma gota de sangue em cada poema, um manifesto contra a Primeira Guerra Mundial. Na mesma linha modernista, Menotti Del Picchia lançou Moisés e Juca Mulato; e Manuel Bandeira publicou A cinza das horas – e, em 1919, Carnaval, no estilo de versos