Sem titlo
As luzinhas do rádio se acenderam indicando que estava ligado, e automaticamente o CD da Adele começa a tocar. Em uma reação involuntária eu me encolho e enrijeço. A música “I Fond a boy” foi praticamente um hino em meus dias ruins, porém fazia semanas desde que eu estivesse feliz o suficiente para ouvir música e provavelmente eu nunca retirei essas musicas da playlist. Pensei em pular a música, mas o ritmo lento e levemente depressivo espelhava tão bem meu senso de humor que resolvi deixa-la.
Como se eu precisasse de algum incentivo, a musica parece pedir desesperadamente para que eu vá para casa, coloque o meu pijama e chinelos e me enterre em algum pote de sorvete, coisa que eu costumava fazer com frequência assim que .. bem.. [i]ele[/i] me deixou. Eu havia prometido que nunca mais pensaria naquele bastardo, mas dia após dia eu falhava miseravelmente. As vezes por saudades, as vezes por ódio, mas a verdade é que virar a pagina era bem mais difícil que eu pensava.
Suspirei e tamborilei os dedos no volante, olhando distraidamente para um carro preto e luxuoso a minha frente, um desses sedans brilhantes que a gente vê em comercial, que assim como eu, estava encalhado nesse transito de fim de tarde. Distraída com a música e olhando inerte para o carro que eu estava começando a achar que era um Audi, nem percebi a moto passar ao meu lado em uma velocidade alucinante, quase levando meu retrovisor. Meu coração salta pela boca, quando eu abafo um grito levando as mãos a boca. – Santo Deus! – Solto quase sem ar, tentando me acalmar, e engulo em seco. Meus olhos cruzam rapidamente o retrovisor de