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Bogotá - Colômbia, v. 1, n. 44, p. 11-40, 2000.
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AS ATIVIDADES RURAIS NÃO-AGRÍCOLAS E AS TRANSFORMAÇÕES
DO ESPAÇO RURAL: perspectivas recentes1
Sergio Schneider
Resumo
Neste trabalho analisam-se as transformações recentes ocorridas na estrutura agrária focalizando-as pelo ângulo dos efeitos dos processos de modernização tecnológica sobre o trabalho e a ocupação em áreas rurais. São analisadas as tendências verificadas nos países avançados, baseando-se em estudo da
OCDE sobre o emprego agrícola e rural a partir de uma abordagem territorial. Em um segundo momento, se busca apresentar informações sobre o comportamento do emprego em atividades agrícolas e não-agrícolas na América Latina e no Brasil. Na última seção são apresentadas informações sobre a dinâmica do emprego agrícola e não agrícola no Sul do Brasil, mais precisamente no Estado do Rio Grande do Sul, para o período de 1981 até 1997. Entre as conclusões é apontado o crescimento generalizado das atividades não agrícolas no espaço rural como um fenômeno que não decorre apenas da modernização tecnológica da agricultura. Uma das conseqüências da alteração do perfil do emprego agrícola é o aparecimento das famílias pluriativas no meio rural, cuja característica principal é combinar vários tipos de inserção profissional.
Introdução
É provável que a década de 1980 seja lembrada, no futuro, como o período que inaugurou marcantes transformações na estrutura da agricultura e em diversas facetas da vida social do mundo rural em várias regiões agrárias, e em diversos países. Nesses anos, o modelo produtivo que os países mais desenvolvidos vinham aperfeiçoando desde as primeiras décadas deste século e, de modo mais intenso, durante os "anos de ouro" que seguiram-se à Segunda
Guerra Mundial, passou a defrontar-se com crescentes questionamentos.