Sei lá
Embora não exista um consenso sobre o impacto da Companhia de Jesus – muitos historiadores e antropólogos acusam os jesuítas de impor costumes ocidentais aos guaranis –, não há como negar a influência dela no processo de colonização e formação da América Latina. O arquiteto Lucio Costa (1902-1998), que elaborou o plano diretor de Brasília, era fã da arquitetura missioneira. Ele defendia que as obras das missões constituem verdadeiramente a “antiguidade brasileira”. No artigo A Arquitetura dos Jesuítas no Brasil, de 1941, Costa afirma que, enquanto na Europa a Companhia de Jesus se associava à exuberância das construções barrocas, aqui suas intervenções eram marcadas por uma profunda sobriedade, não obstante deixando entrever um “sabor popular”, que desfigurava desde sempre os padrões eruditos, configurando-se como experiências legítimas de recriações.
Segundo o arquiteto e pesquisador Luiz Antônio Bolcato Custódio, doutor pela Universidade Pablo de Olavide, Sevilha, na Espanha, e que há 30 anos pesquisa o tema, os jesuítas estabeleceram uma metodologia de evangelização em quase todos os continentes, com uma espécie de mimetismo entre a doutrina católica com as culturas locais, o que facilitava o trabalho de evangelização. O modelo foi um sucesso. Em 1736, em 30 povoamentos do Cone Sul seriam mais de 102 mil indivíduos.
Paisagem
A influência jesuítica está presente até mesmo na paisagem brasileira. “Você imagina o Nordeste sem coqueiros? Foram os jesuítas que trouxeram a planta para o Brasil. Eles tiveram um papel fundamental na educação, fundaram escolas, universidades, igrejas, eram ótimos professores e formaram lideranças por onde passavam”, conta Custódio.
Até o Mercosul, bloco econômico