Sei lá
Sabe quando nem você sabe explicar o que sente.
Dor no peito, cansaço no corpo, fraqueza na mente.
Então, já ficou assim?
Isso é “sei lá”.
Mas quem sabe, sabe alguma coisa.
Mas sabe o que? E ”lá” fica onde?
Acho que esse lá já passou.
Ficou mesmo lá atrás – longe, distante.
Acho que o que tenho é saudade do meu lá.
Dá uma vontade de voltar pra lá.
Lá onde as pessoas tinham um valor grande.
Valiam mais que as coisas, mais que os objetos.
Dependência mutua. Isso já existiu!
Sabe o que eu vejo lá?
O primeiro dia de aula,
Onde o pai leva o filho pra estudar.
O amigo em meio à tristeza,
Procura o ombro do outro pra chorar.
As pessoas vivendo unidas,
Sem pedir nada em troca pra amar.
Eu sei. Lá a gente era feliz sim.
Os dias eram longos, mas corriam melhores.
As noites eram frias, mas menos sombrias.
As manhãs eram alegres.
As senhoras se recostavam nas janelas.
E as crianças brincavam de roda nas calçadas.
Hoje eu não sei de lá mais.
Não tem amor, nem tem paz.
Ninguém quer saber de ninguém.
Tanto fez como faz.
As pessoas preferem morrer, que corresponder.
Preferem separar do que ajuntar e lutar.
Enriquecer do que fortalecer.
Sofrer do que dar o braço a torcer.
Abandonar do que ajudar.
De repente eu percebo que não tem mais “lá”.
E aqui muito menos.
Bate um desespero, uma vontade de gritar, correr…
Mas ir pra onde, pra quem e pra que?
Então vou pro meu canto onde só Deus me vê.
E fico “sei