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Anselmo – Desenvolvendo o hábito da curiosidade. Lendo tudo e qualquer coisa, assistindo tudo e qualquer coisa. Eu leio The Economist e Revista Mad. New York Times e Weekly World News. Assisto filmes cabeça iranianos e filmes do Van Damme. Nunca saí no meio de um filme ruim. Criatividade nada mais é do que uma combinação inusitada de dois elementos existentes. Então para ser criativo você precisa inundar sua mente de referências. Não as referências típicas publicitárias, mas referências únicas que só você vai ter. Porque só você pode viver intensamente a sua própria vida. Tem um episódio do Seinfeld no qual a Elaine o convida para acompanhá-la num programa chato. Ele diz algo como “Ok, I’m going for the material.” Ele decide ir só pelo material que isso pode gerar para depois fazer standup. A vida está cheia de material interessante a cada segundo. Basta prestar atenção.
Criatividade se ensina?
Anselmo – Sim. Basta olhar as crianças. Elas não têm a mínima vergonha, medo de errar, senso auto-crítico. Tive a sorte de estudar na Escola Rudolf Steiner de São Paulo, um lugar que respira criatividade. Tive aulas de jardinagem, pintura, escultura, tecelagem, teatro, ourivesaria e tricô. Parecia que vivíamos na Renascença. Não tinha livro didático. Eu escrevia e desenhava meus próprios livros. Teve uma época que minha mãe abraçou radicalmente a pedagogia Waldorf e resolveu tirar a televisão de casa. Resultado: comecei a ler desesperadamente por pura falta de opção de entretenimento. E nunca mais parei. Enquanto todo mundo estava assistindo Digby na Sessão da Tarde, eu estava lendo. Acho que foi por isso que acabei virando redator. A ironia é que terminei escrevendo comerciais para a mesma TV que minha mãe tirou de casa.
Você sempre teve esse olhar criativo?
Anselmo – Sempre gostei de escrever e desenhar. Em grande parte inspirado pelo meu pai, um engenheiro mecânico com complexo de artista plástico. Ele desenhava