Sega na amazonia
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Notícia - 13 - out - 2005
Desmatamento e mudanças climáticas podem transformar a Bacia Amazônica em um ecossistema muito mais seco, resultando num processo irreversível de perda de biodiversidade
A forte seca que afeta a Amazônia pode ser o aviso que o País e o mundo precisavam para enfrentar de vez as causas que podem condenar a maior floresta tropical do planeta ao desastre: o desmatamento descontrolado e o aquecimento global. Estaríamos já às portas de um triste futuro ou trata-se de um fenômeno conjuntural?
Nos últimos dias, ativistas do Greenpeace visitaram e documentaram algumas das áreas mais afetadas pela seca no estado do Amazonas. A visão é dramática: grandes rios, lagos e várzeas atingiram seu nível mais baixo em muitas décadas e, agora, não passam de pequenos córregos de lama. Lugares onde comunitários costumavam usar barcos e canoas como único meio de transporte, agora podem simplesmente passar andando ou de bicicleta. Grandes barcos estão presos no barro seco, que costumava ser o leito dos rios. Milhares de peixes mortos atraem urubus, transformando a paisagem em um grande cemitério a céu aberto. Cidades e comunidades completamente dependentes dos rios estão totalmente isoladas, padecendo com a falta de remédios, combustível, água potável e comida.
Para Paulo Artaxo, cientista da USP (Universidade de São Paulo), o desmatamento e as queimadas afetam a formação de nuvens de chuvas, o que diminui a precipitação sobre a Amazônia. Metereologistas do Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia) argumentam que as altas temperaturas no Oceano Atlântico, que levaram à formação de fortes furacões como o Katrina e Rita, podem estar mudando a circulação do ar sobre a Amazônia, inibindo a formação de chuvas.
Estima-se que, em algumas décadas, este efeito perverso do desmatamento pode ser irreversível e a floresta amazônica pode desaparecer. "Se a Amazônia perder mais de 40% da sua cobertura florestal, nós