Sedentarimo
No final de 2007, a Revista Panamericana de Salud Pública trouxe a síntese (1) de um recém-publicado estudo (2) sobre os fatores de risco para o infarto agudo do miocárdio (IAM) na América Latina. Considerando a quantidade de mortes relacionadas às enfermidades cardiovasculares, esse estudo de caso-controle objetivou esmiuçar a força dos fatores de risco em indivíduos na América Latina que haviam desenvolvido IAM pela primeira vez. Os autores concluíram que os mais importantes fatores de risco haviam sido a obesidade abdominal, o tabagismo, a dislipidemia, a hipertensão, o consumo inadequado de frutas e outros vegetais e a falta de regularidade ou a não prática de exercícios físicos. Ainda segundo os autores, a prática regular de exercícios físicos oferece um relevante efeito protetor, principalmente se combinada com a prevenção de outros fatores de risco (2).
Em que pese o fato de a prática insuficiente de exercícios físicos não ter sido o mais importante fator de risco, é indispensável ponderar que há muito esse hábito vem sendo considerado essencial pelos especialistas (3). Contudo, há pouca reflexão sobre algumas questões relacionadas ao tema.
Um primeiro aspecto merecedor de aprofundamento diz respeito à dificuldade decisiva de se determinar a ocorrência de sedentarismo, uma vez que os critérios de análise são grosseiramente dessemelhantes e inócuos. É possível encontrar quem defina o sedentarismo simplesmente como a falta de prática de exercícios físicos; outros se detêm nas atividades físicas realizadas nas horas de lazer; há quem entenda que o sedentarismo se relaciona à quantidade arbitrária de atividades físicas do cotidiano (4, 5). Nesse sentido, merece destaque o fato de os pesquisadores estarem se valendo de critérios díspares e incertos para tirar conclusões sobre incidências e associações. Lanas et al. (2), na investigação supracitada,