Seca no nordeste
Sertão nordestino passa por uma das piores secas das últimas décadas
A região de Irecê, na Bahia, é uma das mais atingidas pela falta de chuvas.
É preciso assistência técnica para que população conviva com a seca.
Do Globo Rural
A barragem de Mirorós abastece 14 municípios da região de Irecê, a quase 500 quilômetros da capital Salvador. A água baixou tanto que é possível ficar em cima das pilastras de sustentação das comportas. Desde 2007 o reservatório já baixou 33 metros. Com a seca, vem perdendo de 3 a 4 centímetros de água por dia. Isso obrigou a Agência Nacional de Águas a suspender o abastecimento dos canais de irrigação.
O problema é que 250 produtores dependem da barragem para manter suas plantações. A maioria produz frutas - principalmente banana - em lotes de cinco hectares. Da produção prevista pelo agricultor Uilson Santana Sobrinho, 80% já se perdeu. O que sobrou, ele tenta salvar com a água de poços perfurados pelos próprios agricultores, que atendem menos de 30% da necessidade.
O nordeste brasileiro vive uma daquelas secas históricas e a Bahia é um dos Estados mais atingidos. Mais da metade dos municípios decretou situação de emergência.
Gado
A boiada some na poeira seca em busca de comida. O criador José Lacerda Cardozo já retirou 700 cabeças da região e as levou para uma área arrendada a 200 quilômetros. Outras 100 ficaram em Irecê porque não aguentaram a caminhada. Carcaça de bicho no meio do mato e na estrada é cena comum. Os que ainda vivem estão muito fracos.
Com essa situação, todo mundo quer vender o gado, mas encontra dificuldade. O preço da arroba despencou: foi de R$ 100 pra R$ 70. Edgar Martins é um dos maiores criadores da região de Irecê. Ele mantém só em uma fazenda quase 700 cabeças comendo ração. O custo é alto e não tem compensado a venda.
O pessoal do leite está até recebendo um bom preço, mas a produção caiu. No laticínio, o fornecimento caiu de 200 mil para 90 mil