Seca em SP
"Não havia água. Fechei a casa, escalei uma garçonete e pedi para que ela fosse pedir água emprestada no vizinho, porque não havia água nem para lavar a louça”, desabafava, no sábado, o sócio de um restaurante na Rua Augusta, que tem outro negócio nos Jardins. “O Governo avisou que multaria quem não economizasse água. Eu acho justo. Agora, quem vai me ressarcir, quando eu deixo de abrir a minha casa em uma noite de sexta-feira, por causa da falta de água?”
A falta de água avança de fora para dentro em São Paulo. Até então a salvo da crise, os moradores do bairro nobre de Alto de Pinheiros, na região central, começam a olhar para suas piscinas não como bálsamo para o calor, mas como um reservatório de emergência.
“Ontem não teve água o dia inteiro”, disse Vera Lúcia Carret, quando voltava de sua corrida matinal pela Avenida Pedroso de Moraes, importante via da região, para sua casa da zona. “Se a água não voltar, eu tenho uma piscina. Posso colocar uma bomba para abastecer a minha caixa d’água", diz a dona-de-casa.
Carret está pensando em mais alternativas para driblar o problema, como chamar os vizinhos e contratar um caminhão pipa conjunto – sorte dos que podem pagar, já que o custo é de 450 a 1.000 reais, por 10.000 litros de água, com demanda crescente. Em último caso, diz Carret, ela irá “encher a banheira de água para armazenar o que resta”.
Foi só nesta quarta-feira que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, abriu mão de malabarismos retóricos e reconheceu pela primeira vez que há racionamento de água. Mas Levy Carlos Mota, que é vigia em Alto de Pinheiros, é a prova de que a