Saúde e Doença
Saude soc. vol.5 no.2 São Paulo 1996
Sebastião Jorge Chammé*
³Sociólogo, Doutor em Saúde Pública pela FSP/USP, Pós-Doutorado pelo CERMES/CNRS Paris, Professor Assistente-
Doutor "Faculdade de Filosofia e Ciências" UNESP/Campus de Marília. - Av. Higyno Muzzi Filho, 737 - CEP 17525-
900 - MARÍLIA/SP
Resumo: O presente artigo busca compreender o processo da "Construção Social da Saúde" levando-se em consideração que a saúde, no decorrer da historia dos homens, foi sempre considerada um "bem" e, por isso, mereceu constante preocupação, no sentido de tornar-se geradora de modas, de modos de fazer e de existir, de conflitos, dualidades e controle social. No decorrer desse tempo, modelos de saúde foram sendo criados, interpretados e recriados, quando necessário, provocando igual processo de transformação nas maneiras de sentir, pensar e agir da população usuária dos mais variados recursos de saúde disponíveis, segundo as relações entre o "mágico e o necessário" , estabelecendo, entre os que serviam e os que eram servidos, uma relação também tão mágica quanto necessária, intermediada pelo corpo, destes sujeitos, depositário do estado de saúde ou de doença. Além do processo de transformação das mentalidades, são ainda levados em consideração os processos de construção, desconstrução e de evolução do imaginário e das representações sociais vivenciados pelos sujeitos e seus corpos. A evolução dos conhecimentos e o avanço científico-tecnológico são enfocados também como fontes modelares e comunicativas no sentido de ditar regras ao corpo que a humanidade porta socialmente neste século.
Palavras-chave: construção social da saúde, modelos de saúde, doença/corpo.
UM PROCESSO EM CONSTANTE CONSTRUÇÃO:
No decorrer do processo histórico, principalmente nos séculos
XIX e XX, uma multiplicidade de enfoques e de conceitos têm designado saúde como sendo a grande meta a ser alcançada, de acordo com os delineamentos