Saúde pública

“Pois o que é tudo se não o que pensamos de tudo?” ( Álvaro de Campos – Esta velha angústia)

“Tudo que se é imaginado existe, é e tem” (Estamira)

“Isto que se encontra desta maneira em contradição com sua totalidade sistematizada na consciência e com a determinação particular que nela não é fluida, nem coordenada, nem subordinada – é a loucura.”
(G.W.F. HEGEL, Enciclopédia das Ciências Filosóficas § 408) “To falando de loucura
To falando de viver
Aura clara, sorte escura
Descobrir o que se é, e ser” (Gentil loucura- Skank)

Para Birman (2000) a loucura passa por um processo de desqualificação de sua potencialidade de dizer a verdade. No filme Estamira, que retrata a história de uma mulher (de nome Estamira) de 63 anos que sofre distúrbios mentais, que convive com catadores de lixo num local que recebe diariamente mais de oito milhões de toneladas de lixo produzido no Rio de Janeiro. Estamira nos surpreende com inúmeros excessos: da miséria, da dor, da violência sexual e sustenta, em sua fala, que ela veio ao mundo para transmitir, como ela diz “a minha missão além de ser Estamira, é mostrar a verdade, capturar a mentira e tacar na cara.” Assim, mistura sua revolta, delírio e lucidez para apontar traços de problemas sociais do nosso tempo. Neste contexto podemos falar então que a verdade de Estamira só nos incomoda uma vez que acostumamos o nosso olhar a cultuar o belo e a razão.
“Deixe que eu respire o ar livre da rua
Sem parar para discutir
Deixe que eu passeie minha loucura
Gentilmente por aí”
Em O alienista, Machado de Assis começa descrevendo como Itaguaí lidava com os loucos relatando :
...verança de Itaguaí, entre outros pecados de que é argüida pelos cronistas, tinha o de não fazer caso dos dementes. Assim é que cada louco furioso era trancado em uma alcova, na própria casa, e não curado, mas descurado, até que a morte o vinha defraudar do benefício da vida; os