Saúde no Brasil 4 Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: carga e desafios atuais
Doenças crônicas não transmissíveis no Brasil: carga e desafios atuais
Maria Inês Schmidt, Bruce Bartholow Duncan, Gulnar Azevedo e Silva, Ana Maria Menezes, Carlos Augusto Monteiro, Sandhi Maria Barreto,Dora Chor, Paulo Rossi Menezes
O texto apresenta as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como a principal prioridade na área de saúde no Brasil. Argumenta que, só em 2007, 72% das mortes foram atribuídas a elas e que a morbimortalidade está na população mais pobre. Contudo, se os dados brutos apontam um aumento de 5% entre as estatísticas do período de 1996 a 2007, a mortalidade padronizada por idade reduziu 20%. As taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas estão diminuindo, possivelmente devido à implementação de políticas de saúde que levaram à redução do tabagismo e a expansão do acesso à atenção básica. Contudo, ainda é importante considerar o aumento de diabetes e hipertensão associados à prevalência de excesso de peso, relacionado a mudanças desfavoráveis na dieta e na atividade física.
As DCNT impõem um desafio por ser um problema de saúde global e uma ameaça à saúde e ao desenvolvimento humano. Mesmo com intervenções custo-afetivas disponíveis, foi preciso avaliar 23 países, inclusive o Brasil, quanto à capacidade de responder a estas demandas. Se em 1930 as doenças infecciosas respondiam por 46% das mortes nas capitais brasileiras, em 2007 10% somente eram associadas a elas e 5% aos distúrbios de saúde materno-infantis. O contexto de desenvolvimento econômico e social marcados pelos avanços sociais foi preponderante para esta mudança. A própria transição demográfica no país, produziu uma pirâmide etária com maior peso relativo para adultos e idosos. O crescimento da renda, industrialização e mecanização da produção, urbanização, maior acesso a alimentos em geral, incluindo os processados, e globalização de hábitos não saudáveis produziram rápida transição nutricional, expondo a população cada