Saussure
SAUSSURE E A LÍNGUA PORTUGUESA
Castelar de Carvalho (UFRJ, ABF)
A vitalidade do pensamento saussuriano, com o passar do tempo, só tem feito renovar sua atualidade. Nos últimos anos, tem se multiplicado a bibliografia sobre sua doutrina, difundida a partir da publicação do livro clássico Curso de lingüística geral (CLG). As repercussões de suas idéias motrizes, assim como as escolas delas decorrentes, criaram uma metodologia prática e funcional de abordagem dos fatos lingüísticos. Tal metodologia pode ser aplicada com sucesso ao estudo e ao ensino de português, como demonstra o nosso livro Para compreender Saussure, hoje na 12ª edição, contendo os fundamentos e uma visão crítica das iluminadas idéias do genial fundador da Lingüística moderna, além de exercícios com questões relativas à língua portuguesa. Neste artigo, apresentaremos uma síntese de suas célebres dicotomias: semiologia / lingüística, signo: significado / significante, arbitrariedade / linearidade, linguagem: língua / fala (norma), sincronia / diacronia, sintagma / paradigma e o corolário de tudo isso: a noção de valor.
Semiologia / Lingüística
A Semiologia (ou Semiótica) é a teoria geral dos sinais. Ela difere da Lingüística por sua maior abrangência: enquanto a Lingüística é o estudo científico da linguagem humana, a Semiologia preocupa-se não apenas com a linguagem humana e verbal, mas também com a dos animais e de todo e qualquer sistema de comunicação, seja ele natural ou convencional. Desse modo, a Lingüística insere-se como uma parte da Semiologia. Semiologia e Semiótica são termos permutáveis. A primeira surgiu na Europa, com Saussure, e a segunda, nos Estados Unidos, com o filósofo Charles Sanders Peirce.
O signo lingüístico arbitrariedade / linearidade
Saussure define o signo como a união do sentido e da imagem acústica. O que ele chama de “sentido” é a mesma coisa que conceito ou idéia,