Saude publica
Nessa medida, articula-se com diferentes sistemas de acção que o modelam e legitimam (poder legislativo, executivo e judicial, protecção social, educação, ciência e tecnologia, associações profissionais, indústria farmacêutica, outros lobbies ou stakeholders), em suma, com o sistema societal mais vasto de que faz parte (Estado e sociedade civil).
A saúde e a educação são, por excelência, instituições, isto é, conjuntos de ideias, crenças, valores e normas de comportamento propostos (e muitas vezes impostos) ao indivíduo numa dada sociedade. Por exemplo, no caso da educação médica, pode ser uma dada representação mais tecnocêntrica ou mais antropocêntrica da prática clínica, um modelo mais biomédico ou mais psicossocial da saúde/doença, etc.
Por outro lado, dizer que o hospital moderno é uma instituição significa que tem uma base jurídica e material que lhe é dada, em última análise, pelo Estado.
Como instituição, o hospital (e as demais organizações de saúde) é legitimado pelo poder político e pelo jogo das relações sociais que, em cada época, lhe impõem determinadas missões ou finalidades, valores, regras e normas (por ex., controlo social da déviance antes da Revolução Francesa).
Tal como o hospital psiquiátrico não pode ser analisado estritamente pela óptica da psiquiatria - como muito bem o demonstrou Goffman (1975) -, também o hospital geral, nas suas estruturas e processos, não pode ser reduzido à medicina e ao poder médico, enquanto resposta à doença e ao seu tratamento. Citando Touraine (1974) , nem tudo o que diz respeito à vida do hospital