Saudades

Saudades

Recordo-me com muita saudade do lugar onde nasci. Comunidade de Tijuco Preto, área rural, interior de Domingos Martins no Espírito Santo. Lugar simples, pequeno, que nem aparece no mapa de tão insignificante, mas para mim é tão valioso quanto um diamante já lapidado. Minha casa era de madeira, era simples, mas aconchegante.

Meu pai trabalhava na roça, pescava, e até hoje gosta de criar animais: galinhas, porcos e outros. Ele também tinha criação de gado, onde passava maior parte do tempo cuidando dos bezerros. Minha mãe cuidava da casa e do plantio da horta, que tinha tudo que precisava para temperar nossa comida. Quando as galinhas iam para sua horta ela ficava furiosa porque ciscavam os pés de cebolinha, chicória, beliscavam a couve, enfim deixavam uma bagunça.

Eu gostava de pescar e ir para roça com meus pais buscar lenha. Ficava horas ouvindo o cantar dos pássaros e observando-os bem de perto. Lembro-me do tá, tá, tá do Pica-Pau, o Bem-Te-Vi que anunciava a chegada de visitas: dizia minha mãe, a Saracura tão elegante com suas longas pernas e outros. No caminho de volta para casa não era raro encontrarmos um grupo de capivaras que corriam em direção ao rio.

Quando começavam as chuvas de inverno eu e meus três irmãos ficávamos tão felizes, o rio crescia, ele ficava maior e o dia parecia pequeno. Brincávamos na água, eu gostava de jogar pedrinhas no rio, aquele barulho me fascinava. Gostava mesmo de olhar o rio imenso e dar comida para os peixinhos.

Aqueles seis meses passavam rápido, as chuvas iam diminuindo e com a falta delas o rio ia ficando mais estreito. Quando o verão chegava a terra já estava seca pronta para receber novas plantações. Lá a gente plantava milho, feijão, mandioca, melancia, sem esquecer é claro, da horta da mamãe.

Ah! Que saudade daquele tempo... Inesquecível! À noite ao lado da fogueira que papai fazia para espantar os mosquitos, eu e meu irmão reuníamos para brincar de esconde-esconde, subíamos bem no alto das árvores para