saudade
Sem dúvida que a saudade é um sentimento, mas muito peculiar, é a dor do tempo e contém dentro dele uma série de outros sentimentos, por vezes dúbios, desperta alegria, mas também tristeza.
Penso que a saudade está relacionada intimamente com o factor tempo, sem ele a saudade não tinha como nem porquê se manifestar. É porque nos projectamos no passado e no futuro que sentimos falta, a saudade é uma falta, algo que está incompleto em nós.
A saudade toca numa ferida, é a dor de existir, a dor do tempo que passou, e é totalmente inatingível, é a dor da nossa condição humana temporal de nunca mais podermos voltar a sentir isso que já passou.
Mas, por outro lado, tudo isso está dentro de nós guardado e fará sempre parte de nós, despertará sempre um sorriso, uma recordação, um tempo feliz que teimamos que volte atrás...era bom ter uma máquina do tempo e manipula-la de forma a pular nele.
Mas, como o homem ainda não inventou essa máquina ( embora já tenha inventado tanta coisa...), tenta viver o presente de uma forma completa e total, mas um dia todo o ser humano tem encontro marcado com a saudade, esse encontro é inevitável...somos incompletos por natureza.
A saudade é medo? Será uma sensação de perda com a qual não sabemos lidar? Temos medo do tempo quando nem sequer lhe conhecemos o rosto?
A minha experiência de saudade é mais dolorosa do que pacífica, mas, no entanto sei que estou plenamente autorizada a falar dela, e, embora me faltem as palavras para a descrever, ela é minha, faz parte de mim e acompanhará o meu ser por toda a minha existência.
Tenho saudades de tudo, de todos, mesmo daquilo que um dia considerei mau, e também daquilo que foi bom, mas não pôde continuar. Tenho saudades da pessoa que fui, tenho saudades do amor que consegui sentir, tenho saudades de ser quem sou.
Tenho tantas saudades que por vezes deixo passar o presente diante mim como uma mera espectadora da minha própria vida.
Mas a saudade pode ser