Salvando os micos
A Associação Mico-Leão-Dourado é responsável por reintroduzir no hábitat original, a Mata Atlântica de baixada costeira, os micos trazidos de zoológicos do mundo todo. E assim vai salvando uma espécie do desaparecimento
Munidos de roupas de aparência militar, botas, facões e bússolas, todos os dias os oito biólogos seguem para as matas da região numa Kombi abarrotada de bananas e rádios. A bióloga Andréia Fonseca Martins, coordenadora do grupo, distribui as tarefas. Todos vão entrar na Mata Atlântica, numa das 24 propriedades particulares do entorno da Reserva Biológica Poço das Antas. Cada um passará o dia observando um grupo de micos-leões-dourados. As bananas são para alimentação complementar. Andréia e os colegas fazem parte do Programa de Reintrodução de Micos-Leões-Dourados, Prêmio Super Ecologia de melhor ONG na categoria Fauna e um dos projetos mais cotados para o Grande Prêmio Super. Sua missão é inserir no hábitat natural os animais que nasceram em cativeiro. Os micos vêm de zoológicos do mundo todo e, antes de serem soltos, são reunidos em grupos que simulam uma família – geralmente são dois machos e uma fêmea, para que o macho possa escolher a sua preferida. Cada membro vem de um cativeiro diferente, evitando o cruzamento entre parentes, o que seria uma ameaça à espécie. “Somos uma agência matrimonial”, diz Andréia, que está na Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD) desde a fundação, há 18 anos. A reportagem da Super acompanhou a soltura de uma dessas famílias, que, em nossa homenagem, foi batizada de família Superinteressante. Em quase duas décadas de reintrodução, a população de micos devolvidos à natureza e seus descendentes já conta 480 indivíduos. O número é significativo – considerando que a espécie é endêmica, ou seja, ocorre só naquela região e, portanto, se sumir de lá, estará extinta do planeta. Somados os micos reintroduzidos na reserva e nas fazendas com os que já viviam na