sagarana
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Guimarães Rosa
Introdução
Em 1937, Guimarães Rosa apresentou as estórias que compõem SAGARANA a um concurso literário. Segundo ele, os textos foram escritos durante “horas de dias”, a lápis, em seu quarto, tendo essa produção uma duração de 7 meses. Não os publicou e somente em 1945 as estórias foram revistas por Guimarães Rosa, tomando feição original em 1946, com a publicação da obra
SAGARANA.
SAGARANA é uma obra que, já de início, marca o estilo roseano com um neologismo no próprio título. O autor se utiliza de um radical de origem germânica (saga = lenda) e de um indígena (rana
= à moda de) para compor o título de uma obra composta de estórias escritas à maneira das lendas e narrativas antigas.
As estórias que compõem SAGARANA são todas exemplos do interior de Minas Gerais, que é um pedaço do Brasil tão conhecido e vivido pelo autor.
Sua linguagem mantém-se inovadora, como em todas as suas obras e a preocupação em retratar, nas suas narrativas, a oralidade, é uma constante na obra. É através dessa oralidade que o autor penetra no universo popular mineiro e expande a temática para as dúvidas e anseios do homem em geral.
Características comuns a todas as estórias: neologismo, regionalismos, musicalidade com o uso de aliterações tornando a sua prosa poética.
Toda estória é iniciada com uma epígrafe formada por quadrinhas populares relacionadas às imagens constantes em sua obra: boiada, vaqueiros, Minas Gerais, sertão.
1.
“O burrinho pedrês”
pedrês = malhado
O protagonista é um burrinho malhado, de nome Sete-de-Ouros em virtude de seu padrinho ser jogador de truco. Encontra-se velho e moribundo.
É velho e sábio: não tem bicheiras, pois não vai pastar em região em que existem moscas. humanização da personagem
Ele não está totalmente aposentado na fazenda no Major Saulo.
Parado, fica a apreciar a boiada nos currais, boiada essa variada. Ele é calmo, sonolento, sossegado. Os cavalos brigam no coxim e ele sai,