Rádio em uma educação para a sensibilidade
Pedro Garbellini
O paradigma antigo restringe a linguagem musical aos músicos, restringe a linguagem audiovisual aos estudantes e profissionais da área. Isso afasta o público de uma compreensão mais complexa da obra e, portanto, diminui a potencialidade comunicativa de sua apreciação. Também exclui as possibilidades de comunicação e expressão humana que existem nessas linguagens e que devem conviver na experiência cotidiana da população.
Espero que o presente artigo, resultante da pesquisa realizada como conclusão de curso em Audiovisual, junto às referências e bibliografias citadas, reforcem a necessidade da existência de propostas inclusivas nos meios de comunicação e na música que possibilitem a apropriação dessas linguagens por parte de quem antes era excluído de seus universos.
Rádio como espaço de representação regional no Brasil
A participação da música no rádio brasileiro foi fundamental e talvez catalisadora do desenvolvimento de um diálogo entre ouvinte e rádio. Esse diálogo ganha forte significação no universo da música como expressão humana.
Para exemplificar esse discurso apresento um interessante momento histórico da cidade de São Paulo, entre a primeira metade do século XX e algumas décadas seguintes. É um período significativo para a capital paulista e todos os fatores atuantes têm responsabilidade na construção do contexto musical da época.
A cidade passou a receber imigrantes de todo o mundo (principalmente da Itália e do Japão) e uma grande porcentagem da população rural do interior e de outros estados do Brasil. São pessoas de realidades diferentes que buscam sua expressão cultural, e a música, através do rádio, veio à proporcionar isso; o rádio tornou-se um espaço de representação das diferentes expressões culturais presentes no cotidiano da cidade.
Nesse contexto estavam as marchinhas de carnaval nas composições de Ari Barroso, Lamartine Babo e João de Barros, que já começavam a tocar