Ruptura psicológica/social e o desbunde geral
O trabalho a seguir busca mostrar três importantes momentos do desenvolvimento do teatro no Brasil, através de uma breve discussão de três importantes peças teatrais a partir dos seus textos e de algumas críticas referentes a montagens das mesmas.
A primeira peça analisada é “Vestido de Noiva”, obra que está na própria origem do moderno teatro brasileiro, com Nelson Rodrigues construindo um universo dramático absolutamente original, fazendo uso do teatro da memória com maestria , rompendo com a narrativa linear, e mostrando um sujeito pós moderno e portanto fragmentado, um sujeito que perdeu um “sentido de si” estável .
Para que tais resultados sejam possíveis, Nelson Rodrigues divide o palco em três planos diferentes: um para a memória, outro para a realidade e o terceiro para as alucinações.Ziembinski vai concretizar estas divisões através de recursos de iluminação, que divide os planos, e sonoplastia que traz as vozes de pessoas não presentes, num recurso cujo principal objetivo parece ser o de acentuar a natureza multifacetada do sujeito do inconsciente.
Assim, esta informação fragmentada, ora através da iluminação de imagens visuais obtidas pela apresentação de cenas mudas, ora através de sons que inesperadamente invadem o silêncio do teatro por intermédio de algum microfone estrategicamente colocado, ora através dos diversos planos, formam um quebra cabeças que o espectador vai montando pouco a pouco.
Este quebra cabeças que se passa dentro da mente da mulher atropelada, que embaralha fatos “reais”, imaginários e até alucinações correspondem aos diversos planos em que foi dividido o palco, dentro de uma trajetória não linear, que para Benjamin , em sua não linearidade, assim como o véu tecido por Penélope, se encontra nos movimentos complementares e opostos dos fios da trama e da urdidura, na descrição do esquecer como princípio