Roteiro da "a cartomante" - machado de assis
Ato I
Cena única
(Rita e Camilo Conversando)
Rita - Eu visitei uma cartomante
(Camilo começa a rir)
Rita - Camilo, há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia.
(Camilo continua rindo)
Rita - Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era.
(Passa imagens da cartomante com Rita)
[Aparece à mão da cartomante botando as cartas na mesa, e dizendo: A senhora gosta de uma pessoa...; Rita diz: Sim; Ela continua colocando as cartas, dá um mexidinha nelas e fala: Você tem medo que ele te esqueça]
Camilo – Errou! Interrompeu Camilo, rindo.
Rita - Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria...
(Camilo fica sério, pega na mão de Rita e olha fixo para ela)
Camilo – Eu te quero muito, eu juro, seus sustos parecem de criança, quando você tiver algum receio, eu sou a melhor cartomante; E além disso, é imprudente andar por essas casas.
Rita - Tive muita cautela, ao entrar na casa.
Camilo - Onde é a casa?
Rita - Aqui perto, na rua da Guarda Velha; não passava ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca.
Camilo riu outra vez:
Camilo - Tu crês nessas coisas? perguntou-lhe.
Rita – Há muitas coisas misteriosas e verdadeiras nesse mundo, se você não acredita paciência, mais a cartomante adivinhou tudo. A prova é que agora estou tranquila e satisfeita
Camilo – Certo, não quer arranca-lhe ilusões. E quando era criança, também tinha crendices, que vieram desaparecer aos vinte anos.
Ato II
Cena I
Meses antes...
Vilela – Rita, esse é Camilo, meu amigo de infância.
Rita - É o senhor? exclamou Rita, estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu marido é seu amigo; falava sempre do senhor.
Camilo – Sim, sou eu, prazer. Vilela me arranjou uma casa perto de Botafogo. Nossa Vilela, sua mulher não desmente as cartas, é realmente graciosa.
Cena