A cartomante
Uma das muitas coisas surpreendentes de Machado de Assis é como sendo uma criança pobre, que não sabemos com certeza nem se frequentou escolas regularmente, chegou a ser uma pessoa integrada aos círculos intelectuais de sua época e um dos escritores mais importantes em língua portuguesa. No conto A Cartomante, livremente dramatizado a seguir, poderemos observar a intertextualidade que o autor traça com Shakespeare, através das citações de Hamlet, personagem da peça Hamlet, O Príncipe da Dinamarca e pelos temas abordados, tais como: a paixão, a traição, a fatalidade e o que há por detrás dela, o místico e o fascínio exercido sobre os Homens, enfim assuntos que acompanham a humanidade há muito e continuaram fazendo parte do drama de nossas vidas. A partir de agora, deixo-os com nossos velhos conhecidos Shakespeare e Machado de Assis que conduzirão o espetáculo.
(Foco em Shakespeare com a obra "Hamlet" às mãos, e Machado com a obra "A Cartomante" às mãos, sentados em um banco, lendo seus livros).
Shakespeare - Há mais coisas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia.
Machado - Pois é assim mesmo, amigo, que começa a estória de Vilela, Camilo e Rita, três nomes e uma aventura. Era uma sexta-feira de novembro de 1869...
Rita - Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que eu fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: “A senhora gosta de uma pessoa...” Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade...
Camilo (interrompe rindo) - Errou!
Rita - Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria...
(Camilo segura as mãos de Rira e a olha fixamente).
Camilo- Eu a quero, eu juro. Seus medos parecem de