Rosseau
Voltaire traz o iluminismo da Inglaterra para a França, já bem disposta para assimilá-lo e valorizá-lo, escrevendo as famosas Lettres sur les Anglais. E logo se desperta na França uma verdadeira anglomania: pelo constitucionalismo inglês, pelo livre pensamento, pela ciência nova, por Locke e Newton. Assim, se a terra de origem do iluminismo é a Inglaterra, a sua terra clássica é a França. Aí assumirá aquele caráter extremado e difusivo pelo qual o iluminismo ficará definitivamente individuado.
O traço específico do iluminismo francês é o culto da razão, a deusa razão da revolução francesa. A razão (humana) deve dominar acima de tudo e acima de todos, déspota absoluta. Daí a guerra a qualquer atividade e instituição que não sejam puramente racionais, à fantasia, ao sentimento, à paixão; às desigualdades sociais, porque a razão é universal; ao estado, quando conculca os direitos naturais do indivíduo; às divisões nacionais e à guerra; à história e à tradição em geral, em que a razão certamente não domina. No campo social, econômico, político, religioso, tudo isto levará à demolição, à destruição da ordem constituída. É o que fez desabusadamente e desapiedadamente a revolução francesa.
Se o iluminismo demole toda a história, julga, todavia, realizado o seu ideal racional no começo da humanidade, no homem primitivo para o qual se deverá, ou mais ou menos, voltar. E se ele demole toda religião positiva, inclusive o cristianismo, e, em definitivo, também a religião natural de um Deus transcendente, substitui, todavia, a esta religião a religião humanista e imanentista da razão, cujo reino, porém, se encontra neste mundo e na vida terrena.
Os Homens e os Problemas
A obra fundamental do iluminismo francês e europeu, em geral, é a Enciclopédia: Enciclopédie ou dictionaire des sciences, des arts et des métiers. Foi publicada entre 1751 e 1780, em 34 volumes. Foi dirigida por João D'Alembert (1717-1783), autor do famoso Discours préliminaire,