Ronaldo
Para reler A Câmara Clara por Ronaldo Entler
RESUMO
Na trajetória de Barthes, A Câmara Clara representa, de uma só vez, um momento de síntese e de ruptura. Considerando a dificuldade de lidar com um texto como este, repleto de manifestações subjetivas, este artigo tenta delinear as condições para que dele possamos extrair o esboço de uma teoria – original e desconcertante – sobre os potenciais da imagem fotográfica.
PALAVRAS-CHAVE
Barthes, Fotografia, Semiótica
ABSTRACT
Camera Lucida: Reflections on Photography
(New York: Hill and Wang, 1981) represents, at the same time, a moment of synthesis and rupture in the Barthes’ trajectory. Considering the difficulty of dealing with a text like this, which is full of subjective manifestation, we try to highlight the conditions in order to draft his theory – original and surprising - about the potential of the photographic image.
KEYWORDS
Barthes, Photography, Semiotic
Razões para adiar a leitura deste artigo
Quando tomamos contato com um autor através de uma obra de sua maturidade, pode ser confortável recorrer antes às explicações de seus comentadores. No entanto, há boas razões para que não façamos isso com A
Câmara Clara, de Roland Barthes.
Se a ocasião impede de mergulhar em sua trajetória, ainda assim, dar à leitura do livro uma dinâmica despretensiosa será mais enriquecedor do que tomar de antemão o atalho de qualquer comentário disponível. Pela trajetória do autor, espera-se que o livro ofereça um debate sobre o estatuto do signo fotográfico mas, numa primeira leitura, podemos tomá-lo como um romance cujo personagem-narrador comenta de modo fragmentário as experiências com algumas fotos que atravessaram seu caminho. Etienne Samain, que descobriu nesta obra um modelo epistemológico capaz de dialogar com a antropologia
(mas que também assumiu ter passado alguns anos irritando-se ao buscar nela
FACOM - nº 16 - 2º semestre de 2006
Roland Barthes 1: Roland Barthes. Fragmento