Roman army
Mão amiga me fez chegar, em 1985, as poesias de António Machado, nelas sublinhando o conhecidíssimo poema XXIX dos «Proverbios y Cantares». Jamais esqueci a oferta e os versos, que mui frequentemente me apraz citar:
Caminante, son tus huellas el camino, y nada más; caminante, no hay camino, se hace camino al andar.
Al andar se hace camino, y al volver la vista atrás se ve la senda que nunca se ha de volver a pisar.1
Há, na verdade, uma fase da vida em que, de facto, o futuro já se antoja mui breve e, necessariamente, se olha para trás, a recordar veredas percorridas ou mesmo as que ousámos rasgar a pulso. Obsoletas, umas; ainda prenhes de utilidade, outras.
As notas que ora resolvi partilhar, tantos anos volvidos, estão obsoletas, não duvido; que possam ter alguma utilidade… espero-o! São, pelo menos, pegadas que deixei; e, como nunca desgarrei o Passado do Presente, quiçá saber «como tudo se passou», mesmo que há 2000 anos atrás e ainda que em pinceladas mui largas, poderá constituir motivo de alguma reflexão. Se sim, cumpri o desiderato; se não, fica inimitável exemplo.
E não resisto, por isso, a transcrever uma reflexão recente, a propósito da exposição temporária que, no Museu Nacional de Arte Antiga, nos veio mostrar a paisagem nórdica através do olhar dos pintores Rubens, Brueghel e Lorrain, quadros que fazem parte do espólio do Museu do Prado, de Madrid:
«Chamou-me, de modo especial, a atenção a apresentação da sala 2, «A vida no campo», onde se explica que, após a assinatura, a 9 de Abril de 1609, da trégua de 12 anos, os arquiduques Alberto e Isabel Clara Eugénia, com vista a consolidarem a reunificação, deliberaram utilizar “a pintura como instrumento de propaganda”: «Sendo fundamental para a reconstrução dos Países Baixos a colaboração do campesinato, os arquiduques consideraram que a representação da vida nos campos, no seu ambiente natural, era a temática mais apropriada à pintura».
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